segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A piada está nos olhos de quem vê

Foto: Recordação escolar, de óculos e cabelo ainda liso.

Lembro-me de que, quando eu era criança, muitas pessoas riam de mim. Pessoas que, na minha inocência, eu julgava como se soubessem alguma coisa de importante e necessária, ou que fossem importantes e necessárias.
Riam porque eu usava óculos e eu, por mais forte que fosse, por mais que soubesse que era necessário para mim, me incomodava muito com as piadinhas dos coleguinhas, eles precisavam de um motivo pra rir.
Lembro da vez que eu ganhei coturnos, eles riam até disso, só porque não era o tipo de calçado mais comum para uma menina usar. Riam até por eu ser inteligente e tirar boas notas.
Sorte que eu sabia que isso não era algo ruim pra mim, eles precisavam incomodar por alguma coisa que me fizesse bem. E hoje vejo, que só me incomodavam realmente, por coisas que me faziam bem, por coisas que eu precisava, gostava e que me faziam diferente dos outros.
Que bom que eu tinha minha família, que me amava, e que me mostrava que eu não precisava sofrer com as piadinhas dos outros, mesmo que essa situação tenha me incomodado por alguns anos. Quem sabia o que era bom pra mim, de verdade, era minha família, e até disso os outros riam: descobriram que algo que me incomoda é mexer com minha família, e por isso criavam piadinhas disso também.
Essas situações fizeram com que eu tomasse muito mais cuidado com as pessoas que me relaciono. Com que eu demorasse mais para confiar em algumas pessoas, e que desconfiasse mais de outras.
Conforme algumas definições sobre o que é amigo, percebo que não tenho muitos daqueles "amigos para todas as horas" ou "amigos de infância", como chamam. Mas sei que conheço muitas pessoas com as quais posso contar em alguma necessidade, que torcem por mim, que gostam de mim, que querem me ver bem. Agradeço muito por isso.
Meus amigos de verdade, são alguns poucos, e minha família. E sei que estes me bastam, que me fazem feliz, me escutam, me apoiam (ou me contestam), me aconselham e me incentivam. E esses poucos, não são apenas pessoas que vejo seguidamente, são inclusive alguns que eu posso contar sempre, mesmo longe. São desses amigos que preciso, são estes que me fazem bem, com quem fico feliz por ter ao meu lado e que vejo que querem o meu melhor.
Imagino que hoje, muitos daqueles que riram de mim, talvez estejam usando óculos, por necessidade do tempo, ou ainda virão a usar. Talvez já tenham corrido para as lojas para comprarem seus coturnos lindos e maravilhosos quando virou "modinha". Não sei, mas espero que rir das minhas boas notas deve tê-los realizado profissionalmente, quem sabe. E quanto à família, só digo que sou muito feliz por ainda tê-la unida e me apoiando sempre.

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